A cura pelo tempo

Semana passada foi o aniversáro de 90 anos de minha vó. A última representante de meus quatro avós.

Grande parte da família se reuniu para o evento, eu diria a maioria.
Foi uma festa bonita, cheia de homenagens, flores, abraços, lágrimas de emoção e saudade. Num momento como este momentos bons são lembrados, e os sorrisos constantes das fotos não nos permitem imaginar que aquelas bocas pudessem, em outro momento, dizer coisas desagradáveis, ferir, magoar...
Esta é a medicina do tempo. Do tempo que nos faz esquecer os detalhes das coisas ruins que nos fizeram e que nós fizemos. Fica muito mais fácil perdoar ao ver o resultado final.
O caminho trilhado por cada um foi uma mistura de ações e reações de todas as pessoas que ali estavam, como uma imensa rede de relações ainda que desconhecida conscientemente.

A verdade é que os laços de sangue estarão aí por um bom tempo, nos unindo à pessoas que não importa se gostamos ou não. Não temos escolha. Eu pergunto, quem então nos escolheu para estarmos juntos nesta caminhada? Qual o propósito?

Talvez a resposta não seja importante, mas o importante é aprendermos a aceitar as diferenças, é saber que se estamos no mesmo barco, temos que cuidar para que este não afunde e assim nos ajudarmos mutuamente.

Posso dizer que tenho uma família legal, primos muuuuito legais, gente boa mesmo, que tenho dentro do coração com prazer e facilidade. Uma gente que no momento de dificuldade se dá as mãos e luta até vencer.

Me sinto feliz por saber que minha avó está bem cuidada, com saúde de "ferro" aos noventa anos.
Claro que não posso saber o que vai dentro de seu coração, se está mesmo feliz, se não se sente solitária às vezes, se não sente saudades demais. Acho que nossos velhos poderiam fazer mais por si mesmos se não se aposentassem da vida ao mesmo tempo que se aposentam do trabalho. Quando se colocam de fora das atividades sociais por se considerarem velhos demais. Aonde está escrito que estamos velhos demais? e se alguém escreveu, quem é este idiota?

Bom, falar é fácil, se eu chegar aos 90, e estiver escrevendo aqui ainda, vou poder relatar minha própria experiência.

Claro que seria impossível fotografar todo mundo sem que saísse uma bagunça né!

Beijo a todos!