Quando se fecha os olhos e se olha para dentro de si , o universo se expande...

27/08/2010

A esquecida arte de ser mulher

Adicionei umas imagens de três telas de Leonardo Da Vinci no post anterior. Imagens de 3 mulheres. As mulheres são muito fotografadas, desenhadas, pintadas e comentadas. às vezes parecem até meio "objetos" né!
Objetos do desejo masculino, do domínio de um ser sobre o outro e da exploração de todas as formas.
A forma física da mulher é uma coisa muito cobrada pela sociedade e por elas (ou nós) mesmas.
Há um tempinho atrás eu sempre ouvia comentários de que estava "gordinha" e agora que estou magra, estou muito "magrinha".  Será que um dia vou agradar alguém?
Bom, não sei. Sei que mulheres são seres tão especiais e importantes e ao mesmo tempo se menosprezam por razões tão ou mais incoerentes do que estas.
Algumas mulheres fazem absolutamente TUDO para agradar um homem, e no geral é o que as mulheres estão fazendo, chegam a um ponto da vulgaridade que nestas horas eu sinto vergonha. Ou aceitam que alguns tipos de homens façam delas o que quiserem: traição, violência, chingamentos, falta de respeito, de educação e gentileza, são fácilmente perdoados.
E assim vamos criando homens cada vez mais estúpidos e molengas.
Também reparo que a maioria das mulheres gostaria de ter filhos homens. Já ouvi isso da maioria das minhas amigas e eu mesma já disse isso.
Lembro também como foi importante para minha mãe ter, enfim, um filho homem.
Até que parei pra pensar no por quê disso e a conclusão que cheguei é que os homens são AINDA (ano: 2010) mais valorizados.
Se você ler um romance de época ou um filme, a Sinhá Moça, por exemplo, o filho "varão" é sempre desejado. A menina não.
Em muitos países ainda se abortam, abandonam e matam meninas.
De uma forma inconsciente, continuamos "matando" meninas.
Matando a menina dentro de nós. Tentando nos trasnformar o mais parecido possível com os meninos. Isso é um tema de muita profundidade.
Não é questão de ser feminista ou machista. É questão de ser o que cada um é!
É questão de se descobrir, se aceitar, se respeitar e sentir prazer em ser mulher.
Eu acredito que cada gênero tem seu papel na humanidade. Como mulher tenho um milhão de sentidos diferentes dos homens e eles tem um milhão de habilidades que eu teria que me esforçar muito para ter.
Não estou falando de aparência nem em opção sexual. Estou falando de aceitação e desenvolvimento daquilo que já nasceu conosco e não temos como esconder e reprimir. Embora façamos por viver em uma sociedade cada vez mais doente.
Doente por tentar sempre ser diferente do que se é.
Até no reino animal cada sexo tem suas obrigações e instintos diferentes. Nunca vi uma leoa fazer um aplique de juba pra ficar igual o leão e ser a rainha do bando.
As mulheres deveriam se valorizar mais, em todos os aspectos e JAMAIS pretender ser como um homem.
As mulheres deveriam se conhecer, se assumir, se amar e amar as outras mulheres também, respeitar as outras mulheres e não se verem como inimigas.
Quantas vezes já senti uma mulher me olhando dos pés a cabeça quando entro em algum lugar, com olhar de desprezo ou antipatia.
Detesto este olhar.
Somos irmãs. Irmãs em todas as dores, somos irmãs que foram queimadas nas fogueiras, irmãs que sentem cólicas terríveis todo mês, que sofrem com o parto, com a amamentação, com a violência física, sexual e moral, irmãs que sofrem pelo desejo incontrolável de serem amadas e aceitas (como todo ser vivo), irmãs que tentam se colocar no mercado cruel de trabalho, na exigência plástica, na exigência moral, em tudo! Irmãs que foram discriminadas pela sociedade por que estão divorciadas (mesmo que tomassem pancada diariamente de seus maridos), irmãs que ainda hoje são vendidas como escravas sexuais, irmãs que lutam para sustentar seus filhos sozinhas por que os maridos as abandonaram, irmãs que cuidam da família e da sociedade.
Então por que ainda nos olhamos assim?
Somos culpadas SIM! Por ensinarmos nossos filhos a serem machistas, a aceitarem, concordarem e ajudarem a disceminar a maldade contra nós mesmas.
É hora de não passarmos mais adiante os mesmos ensinamentos.
É hora de paramos de bater por que apanhamos, de pararmos de reprimir por que fomos reprimidas, de parar de julgar aquelas mulheres que decidiram seguir seu coração e tentar se libertar da amarras nas quais você ainda continua presa.
É hora de aprendermos a sermos mulheres de verdade e ensinarmos as meninas a serem mulheres de verdade.
Seria o Yin mais forte que o Yan ou a chuva melhor que o fogo?
Seria o homem melhor do que a mulher, ou a mulher melhor do que o homem?
Não, não, não.
Somos iguais em importância e diferentes em funções.
Temos que aprender, reaprender, lembrar,  a arte de ser mulher, lá no fundo da nossa alma. Assim como Deus nos criou.