INSPIRAÇÃO, VIDA E ARTE: 29 de jun. de 2010

Tem gente que é louca por viajar, tem gente que adoraria mas não tem tempo, tem gente que adoraria mas não tem dinheiro, tem gente que não tá nem aí.
Tem gente que larga tudo, embarca em um navio e vai para o mundo.
Esta sou eu.
O prazer de viajar é uma coisa tão especial que eu não conheço ninguém que não goste (claro que eu não conheço nem 0,00000001% da população do planeta).
Mas este desejo ardente por "ir" deve ser uma coisa de família, meu pai gosta tanto de viajar que mora dentro de um motor home que fica estacionado no quintal da casa de 200m² que é dele mesmo (acha que eu tô brincando?). Minha mãe também adora por o pé na estrada.
Talvez por uma mistura de tudo eu tenha estudado Turismo e Hotelaria e me jogado mundo afora em busca de "experiência profissional". E põe experiência nisso...
Foram meses nos EUA, meses na Inglaterra, meses embarcada em um navio. Realmente muitas emoções. O mundo ficou pequeno e as experiências foram tão além da profissional que hoje tenho outra profissão. Mas não é sobre isso que quero escrever.
Quero falar sobre a coisa gostosa que é viajar. Se eu tivesse esperado ganhar na loteria para conhecer todos os lugares que já conheci, estaria lá na Estefano esperando o ônibus para passear em Cabeçudas.
Ralei muuuuuuito!!! Suei a camisa e torrei metade dos meus neurônios tentando me comunicar com gente de todo lugar do mundo.
Fiz amigos americanos, sul africanos, australianos, ingleses, poloneses, russos, neozelandeses, chilenos, indianos, cubanos, hondurenhos, chineses, peruanos, espanhóis, italianos, coreanos, portugueses e até romenos e argentinos. Também arrumei bastante encrenca por que não sou tão legal assim (principalmente com estes últimos rsrsrs...).
Aos 18 tive a grande oportunidade de conhecer a Europa pela primeira vez, andar de avião pela primeira vez, sair do país pela primeira vez. E também foi a única que não precisei trabalhar para estar lá.
Fizemos 7 países em 29 dias.
Ninguém falava uma segunda língua. Um grupo de 10 pessoas quase que inexperientes (minha mãe era a única que já havi estado na Itália), usando pochetes vermelhas e de comportamento curioso.
Loucura total.
Isto foi em 94 mais ou menos e eu não tenho nenhuma foto digitalizada para ilustrar o episódio hilário.
Mas nada se compara a morar algum tempo em algum lugar, conhecer os hábitos, as pessoas, os lugares realmente especiais, isto sim é cultura.
É começar a entender que é natural comer ovo frito e bacon pela manhã, entender que não tem nada de mal em se fazer top less na praia ou simplesmente tirar a roupa num parque e se estender sob o sol.
Também é valorizar a simpatia de nosso povo e respeitar a frieza do outro.
É ver que o ET pode ser você também.
Em um ambiente pequeno e fechado como um navio, com pessoas de mais de 50 nacionalidades, costumes, história e idiomas, você conseguir se comunicar, conviver e ainda criar laços de amizade e solidariedade é uma arte.
Quando você está em um ambiente destes, as pessoas podem estar apontando para você com preconceito da mesma forma que você pode estar apontando para elas.
A cinestesia dos brasileiros pode ser muito mal interpretada por muitos povos. Há sempre que se ter cuidado e aprender a se comportar de uma maneira mais "globalizada" eu diria.
Conviver é uma arte, aceitar o estranho é um exercício que se aprende rapidinho se tiver boa vontade e espírito aberto. Enxergar o mundo pelo olhar do outro é muito libertador e emocionante.
Por isso este vício de andar pelo mundo. Respirar novos ares, curtir outras paisagens.
Para mim é uma arte.
E não me refiro apenas a lugares tão distantes, nosso país é um lugar exuberante e olhar nossa vida com outros olhos também pode ser uma grande viagem...

Beijo!